sábado, 15 de maio de 2010

Cap. 12: Estrelas.




Kara sorriu completamente feliz e eu não entendi muito bem. Por um minuto fixei meus olhos nas pessoas ali presentes. Um loiro e uma loira. Um de cabelos pretos ao lado dela. Kara se virou para a janela e a fechou. Virou-se novamente e olhou para baixo.

Uma respiração muito forte fez eu perceber que Kurapika estava ali. Seus olhos vermelhos e de alguma forma eu sabia que sentia um formigamento nos olhos, meio estranho. Kara olhou-me.

-Desculpe entrar assim, apenas fiquei preocupada com Sá.- Por algum motivo tive certeza que era aquela uma desculpa esfarrapada.

-Tens certeza?- A voz ecoou por toda a sala. Kurapika olhou rapidamente para a porta e novamente para Kara. Kara sorriu e eu vi Killua de repente ao seu lado de braços cruzados.

-Olá.- Disse Kara e um sorriso falso brotou em seus lábios.

-Olá.- Disse Killua em tom rude e seu olhar fixou-se em mim. Não entendi muito bem, mas Kara apenas assentiu dizendo algo como ‘está sabendo’.

-Não entendo.- Disse e por um minuto os olhares voltaram-se a mim.- O que está acontecendo aqui?

E então uma dormência me veio nas pernas de forma que me fizeram cair, como se o obscuro da alma me engolisse junto ao vácuo. Era como se a pequenez do meu ser pudesse ser englobada por algo menor ainda.

E então tudo passou de um relance...

Kurapika corria em direção a porta para fechar. O de cabelos pretos avançava em mim. Killua tentou dar um soco no rosto de Kara que esquivou. Gon apareceu e a loira partiu ao seu encontro. Kurapika foi lutar contra o de cabelos loiros.

E então tudo voltou ao normal.

-Acho melhor pararmos com isso, apenas quero levar Sassá de volta para casa.- Bradou Kara.

-Não creio em suas palavras mal ditas.- Disse Killua e juntou as mãos que pareceram dar circuito.

-Não creia. Basta Sassá para crer.

E eu me vi naquela encruzilhada, momento de destruição.

-Se você pudesse pedir para eles saírem de minha casa, eu agradeceria e poderíamos conversar formalmente no Central Park. –Disse Kurapika e me olhou.

Todos desapareceram sem deixar vestígio e Killua por sua vez nervoso desapareceu e no mesmo tempo a lâmpada da sala cai. Estávamos sem luz. E killua nervoso.
Seguimos para o Central Park, enquanto eu fingia brincar no balanço com Gon, eu aproveitava meus ouvidos para escutar o que Kara conversava com Kurapika, embora a conversa não me agradasse.

-Quais sãos os seus planos?- perguntou Kara em seu tom extremamente baixo.
-Esperaria que você me respondesse.- Bradou Kurapika.

-Minha amiga, preciso cuidar dela.-Kara sorriu.

-Sério? Então o que me diz de...?- Kurapika se próprio cortou e percebi que ia olhar para mim nesse exato momento. Fingi dizer para o Gon por que as estrelas não apareciam naquele exato momento, porém ele mesmo tirou minhas concentrações.

-Por que elas são únicas. Iluminam a hora em que nosso corações mais precisam de iluminação.

Fiquei sem ação naquele momento. Gon tinha tirado até minhas forças para falar. Meu chão não estava ao alcance.

-Por que achas isso?- Perguntei ao mesmo tempo em que engolia seco.
-Por que minha tia me disse. Talvez as pessoas que mais amamos, aquelas que estão mortas estejam nos olhando como estrelas, esperando que as olhemos e possamos perceber que um dia podemos brilhar como todas elas brilham.

Eu estava sem palavras.

-Gon. –Foi a última coisa que ouvi Kara dizer.

Kurapika conversou algo com Kara q nem eu consegui saber o que era. Tentava saber o que era, porém nada ajudava nessa ocasião. Gon tinha me pegado de surpresa. Eu nunca sabia que o Gon pensava assim...

Kara me levou para o seu apartamento e eu bombardeei-a de perguntas.

-Por que o espelho se quebrou?

-Para eu desaparecer sem você perceber.

-Por que você queria desaparecer sem eu ver?

-Porque eu precisava averiguar coisas.

-O que você precisava averiguar?

-Pessoas.

-Que pessoas?

-Pessoas.

-Por que?

-Por que sim.

-Por que sim não é resposta.

-Respostas não precisam ser completas.

-Precisam sim.

-Continue Sassá.-Ela cortou.

E Kara respondia enquanto limpava a sua espada. Porém teve uma hora que eu não tinha mais perguntas, além de por que aquelas pessoas. Resposta: Tinha saído com ele e eles me acompanharam. Mas eu não conseguia ter confiança em sua resposta, o que me fez ficar quieta. Dessa vez fora ela que me perguntou:

-O que aconteceu realmente no apartamento do Kurapika?

Me lembrei então que tinha tido uma lembrança, meio incomum, mas uma lembrança. Eu não queria contar, por que era meio estranho pensar nela. Kara apenas me olhou como se entendesse e então assentiu.

-Foi boa?- Ela perguntou já sabendo o que tinha acontecido.

-Foi.- Disse e ela olhou para baixo. Tinha algo na minha vid que tinha sido ruim. Kara apenas respondera que sim.

-O que tem de ruim? O que aconteceu?- Perguntei tentando retirar algo dela.
E então eu vi uma arvore de flores brancas. Muito bonita. Alguém estava sentada nela. Me aproximei.

-Quem é você?-Perguntei.

-Por que saber? Em pouco tempo ninguém mais saberá quem eu sou. –A garota olhou para baixo.

-Como assim? –Perguntei sem entender.

-Esquece Princesa. Seu criado vem vindo aí. Me esquece, dói menos para todos.- Ela disse e eu senti lágrimas nos olhos.

-Já tive que esquecer de muita gente para esquecer do meu povo. Todo aqui são importantes para mim, são estrelas do meu céu. Nunca sei quantas ao todo são, mas sei que estão ali e se eu pudesse passaria a noite todas confortando-as.

-Você não pode confortar todos.- Ralhou a garota.

-Tem razão, mas o máximo que eu puder já vale a pena.

A garota ficou perplexa, não sabia o que fazer a respeito. Olhei –a e sorri.

-Se cuida.- Sai correndo.

E a lembrança acabou.

-Aconteceu algo?- Perguntou Kara se levantando do sofá segurando a espada. Limpei as lágrimas que caiam.

-Kara.- Disse por um segundo. Kara estava perplexa. Eu devia estar muito branca ou algo do tipo. Ela não falava nada.

-Eu lembro de você.- Disse.

Kara deixou a espada pesada cair no chão.


Voce pode tentar fugir, mas nunca se livrará. [lilith]

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