domingo, 6 de dezembro de 2009

Cap. 4 Rosas para uma pessoa querida.




Abri os olhos enfim e estava na sala de Kara. Estava de manhã, pelo que parecia, já que Kara deixava todas as portas e janelas fechadas para nunca mais abrir. Levantei-me e me dirigi a cozinha. Kara me dirigiu um olhar raivoso e se sentou a mesa segurando um copo de leite.

-Mais tarde eu te explico aquilo... Agora eu tenho que trabalhar e dá algumas palavrinhas com a minha mãe.

-Ok!-Eu disse enquanto ela bebia o copo de leite e saia da casa, fechando a porta com força. Silencio novamente aquele silencio que matava. Olhei para a faca e assim me dirigi até ela pegando-a na mão. Sorri e soltei a faca saindo correndo e saindo do apartamento dela.

-Um jornal, por favor!-Pedi para a mulher e abri na parte dos empregos. Quanto emprego!O.O Tinha uma lista. Empregada, florista, Hunter –o que era eu não sabia- garçonete, Hunter de novo, empregada, vendedor de imóvel, faxineiro, catador...
Optei por florista, o que parecia ser o mais fácil dali. Pelo menos eu achava. Marquei o endereço e tentei dessa forma achar o lugar. Não fora difícil, já que fazia 7 meses que eu estava naquela cidade. Aproximei-me então de uma moça de cabelos azuis e olhos castanhos. Ela me olha e diz:

-Veio comprar uma flor minha querida?

-Não, vim pelo emprego!^^-Disse.

-Ah!Ok!^^ Vamos ver então como você se sai, ok?-Diz ela e sai da banca me dando nas mãos um vestidinho. –Essa é a roupa daqui. Espero que se de bem.

Agradeci e me vesti. Sempre amei vestidos, sempre fiquei bonitinha com eles. Deixei o cabelo solto e fui para o balcão. Após meia hora se aproximou da banca um garoto que começou a olhar as flores um pouco entediado.

-Posso ajudar?^^ - Perguntei Enquanto me mexia para um lado e para o outro.

-Ah, sim. –Ele me olhou e riu- Eu queria uma flor escura.

-Escura? –Perguntei perplexa.


Ele olhou para baixo e então comentou:

-Uma flor que possa demonstrar os meus sentimentos por minha mãe ter morrido. Flores vermelhas são alegrias, e isso não é uma alegria.

-Ah... -Disse enquanto tentava sorrir para o garoto- Mas você não devia mostrar que vai se recuperar com a morte de sua mãe?

-Faz sentido. Mas eu não vou me recuperar. -Disse ele.

-Minha mãe também morreu e o meu pai também, e eu fiquei um tempão em coma e nem faço idéia se por acaso tive irmão onde morei e coisas assim. E nem por isso vou... -Me calei. Cemitério. Eu nunca tinha ido visitar os meus pais mortos. Eu nem tinha me interessado. O garoto pediu a flor negra e eu o dei. Depois do expediente sai a procura de um cemitério. A verdade que eu nunca tinha visitado os meus pais.

A chuva atacava as ruas desesperadamente, e eu levava na mão uma rosa que a mulher tinha me deixado levar. Corria molhando o meu corpo gelado pelo vento frio, eu precisava achar o cemitério. Parei em frente a um cemitério. Ninguém estava dentro deste, o que dava um aspecto assustador ao local.

Deixei com que o meu corpo me levasse pelo cemitério. Eu só sabia o nome da minha mãe e, nem sabia se esse nome era realmente o verdadeiro. Com medo parei na metade do caminho.

-Ora, ora quem eu encontro aqui...

Olhei, não podia ser quem eu pensava que era. Não devia, eu não queria que fosse assim. Meus olhos pularam novamente da orbita e, dessa vez senti como se o sangue esquentasse em meio a confusão. Não entendia o que estava acontecendo.

-E em meio ao meu lugar preferido... -Disse a voz enquanto soltava uma risada sínica. Senti que o meu corpo escapava de meus alcances.

-Você... -Minha voz conseguiu dizer em meio a chuva. Ela se aproximou enquanto eu não conseguia nem me mexer. Tocou o meu ombro e então disse:

-Vou ficar muito feliz depois de te contar a verdade... Creio que você não sabe nada de sua amiga...

-Não vou escutar nada!- Disse ríspida enquanto tentava fazer voz firme.

-Hm... -Ela solta uma risada sínica enquanto tocava em minha testa.-Eu queria muito ter que selar esse contato, mas ele vai ser muito precioso para o que estou planejando.
-O que você está planejando? –Perguntei.

-Bem, nada demais e que você vá entender, só lhe peço que não conte isso para a sua amiguinha, deixa que eu faço isso.

-Por que você não me deixa contar? –Tentei.

-Por que isso não é uma coisa que você consiga fazer, aliás, tente por um estante se cortar nessa rua... -Ela me dá um endereço colocando esse na barra da minha saia.

-Por que eu faria isso? –Perguntei ríspida.

-Não sei, vai ver você vai descobrir o que você nunca pensou que ia descobrir. Você vai descobrir realmente. Faça como entender. Eu sei o que você vai escolher.-Não sabe!-Disse alto.

-Eu sei Sassá. Eu sei. –Disse ela e foi desaparecendo enquanto soltava uma risada estranhamente horrenda.

-Eu não posso estar passando por isso. Eu não posso. –Disse para mim mesma enquanto deitava no chão do cemitério deixando com que os mortos vivos me protegessem esses pelo menos seriam bem mais legais e carinhosos do que Flávia.

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-VOCE O QUE?-A voz de Kara podia ser escutada a km de distancia. Ela depositou o copo na mesa com Tanta força que esse se quebrou na mesa.

-Eu, fui tentar achar os meus pais num cemitério. -tentei de cabisbaixa.

-VOCE É LOUCA OU O CÉREBRO PRECISA DE UMA TROCA DE NEURÔNIOS URGENTE?-Diz ela enquanto batia a mão fechada nos cacos de vidro, o qual sangrava sem parar.

-Eu fui procurar emprego e consegui.

-VOCE FICA AQUI SASSÁ! VC- ela respira fundo enquanto tentava se controlar- Sá, você não pode ficar andando por aí.

-Mas por que não?- Perguntei. Ela respira fundo enquanto se aproximava de mim. Tocou sua mão sangrando em meu ombro e disse:

-Sá, não é bem assim, esse sangue, a sua amiga tem e este faz parte dos planos de Lilith.

-Lilith?-Perguntei assustada.

-Essa é uma grande história e hoje eu não tenho tempo para lhe contar, apenas siga o que eu disse, não saia de casa sem ser comigo, ok?

-Ok. -Disse esfregando os olhos.

-Vem, vamos tomar um banho, amanhã eu conto a história, tudo, tudo bem assim?-Ela disse enquanto sorria.

-Sim!-Disse e coloquei a mão sem querer no vidro. Tirando essa rapidamente.

-Você não podia ter feito isso!

-Feito o que?-Perguntei.


-Você não devia. -Kara olha para minha mão.

-O que?- Insisti.

-Tudo que você faz aqui afeta de alguma maneira na sua “amiga” da Terra.

-Terra?- Disse.

-Tudo amanhã! –Disse ela e sorriu enquanto me levava para o banheiro.
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Algo estava muito estranho. Enquanto Kara dava uma de babá ela cantava uma música. Senti que uma lágrima caia de seus olhos enquanto ela cantava a música.
Após isso ela disse que teria que sair e me deixou sozinha ali, naquela escuridão perfeita... Naquele mundo cujo qual eu não sentia que fazia parte dele.
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